Caminhos de espiritualidade: cultura de paz, não-violência, mística, autoconhecimento, compaixão e cuidado pelos seres e pela terra

30 de abr. de 2010

Quem não encontrou o céu


"Quem não o encontrou o céu aqui embaixo
lá em cima também o perderá.
Pois os anjos alugam a casa ao lado
a cada vez que nos mudamos".


(Emily Dickinson)

22 de abr. de 2010

Dia do Planeta, vamos falar sobre a carta da Terra!


O que é a Carta da Terra?

A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação.

A Carta da Terra se preocupa com a transição para maneiras sustentáveis de vida e desenvolvimento humano sustentável. Integridade ecológica é um tema maior. Entretanto, a Carta da Terra reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico eqüitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. Consequentemente oferece um novo marco, inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável.

Neste momento em que é urgentemente necessário mudar a maneira como pensamos e vivemos, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um melhor caminho. Alianças internacionais são cada vez mais necessárias, a Carta da Terra nos encoraja a buscar aspectos em comum em meio à nossa diversidade e adotar uma nova ética global, partilhada por um número crescente de pessoas por todo o mundo. Num momento onde educação para o desenvolvimento sustentável tornou-se essencial, a Carta da Terra oferece um instrumento educacional muito valioso.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

  1. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
  2. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

  1. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
  2. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
    maior responsabilidade de promover o bem comum.
Para ler a Carta da Terra na íntegra acesse:
http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html

19 de abr. de 2010

Yin e Yang: o equilíbrio do movimento, por Leonardo Boff



Yin e Yang: o equilíbrio do movimento

A tradição do Tao vê a história como um jogo dialético e complementar de dois princípios: yin e yang, forças subjacentes a todos os fenômenos humanos e cósmicos. Procurando luzes para entender e sair da crise global talvez este olhar holístico dos sábios orientais nos possa inspirar.

A figura de referência para representar estes dois princípios é a montanha. O lado norte, coberto pela sombra, é o yin, que em chinês quer dizer sombreamento e corresponde à dimensão Terra. Ele se expressa pelas qualidades da anima, do feminino nos homens e nas mulheres: o cuidado, a ternura, a acolhida, a cooperação, a intuição e a sensibilidade pelos mistérios da vida.

O yang significa a luminosidade do lado sul e corresponde à dimensão Céu. Ele ganha corpo no animus, as qualidades masculinas no homem e na mulher como o trabalho, a competição, o uso da força, a objetivação do mundo, a análise e a racionalidade discursiva e técnica.

A sabedoria milenar do Taoísmo ensina que estas duas forças devem ser balanceadas para que o caminhar das coisas se faça de forma, a um tempo, dinâmica e harmônica. Pode ocorrer que uma predomine sobre a outra, mas importa buscar, o tempo todo, o equilíbrio difícil entre elas.

O yin e o yang remetem a uma energia mais originária, um círculo que contem a ambos: o Shi. O Shi é a energia cósmica que tudo sustenta, penetra e move A teologia yorubá e nagô, tão presentes na Bahia, ensina que essa energia é o Axé universal, com as mesmas funções do Shi. Os cristãos falam do Spiritus Creator, ou do Sopro cósmico, que enche e dinamiza toda a criação. Os modernos cosmólogos se referem à constante cosmológica que é Energia de fundo que produziu aquele minúsculo ponto que se inflacionou e depois explodiu – big bang – dando origem ao nosso universo. Após esta incomensurável explosão a Energia de fundo se desdobrou nas quatro forças fundamentais que atuam sempre juntas e que subjazem a todos os eventos – a energia gravitacional, eletromagnética, nuclear fraca e forte – para as quais não existe, na verdade, nenhuma teoria explicativa.

Nossa cultura ocidental, hoje globalizada, rompeu esta visão integradora e dinâmica. Ela enfatizou tanto o yang que tornou anêmico o yin. Por isso, permitiu que o racional recalcasse o emocional, que a ciência se inimizasse com a espiritualidade, que o poder negasse o carisma, que a concorrência prevalecesse sobre a cooperação e a exploração da natureza descurasse o cuidado e o respeito devidos. Este desequilíbrio originou o antropocentrismo, o patriarcalismo, a pobreza espiritual, a cultura materialista e predadora e a atual crise ecológica global.

Somente com a integração da força do yin, da anima, da logique du coeur (Pascal), do mundo dos valores, corrigindo a exacerbação do yang, do animus, do espírito de dominação, podemos proceder às correções necessárias e dar um novo rumo ao nosso projeto planetário.

Na tradição do cânon ocidental expressamos o mesmo fenômeno do yin e do yang referindo-nos a duas figuras mitológicas: Apolo e Dionísio.

A dimensão Apolo está no lugar da ordem, da razão, da disciplina, numa palavra da lei do dia sob a qual se rege a sociedade organizada. A dimensão Dionísio representa a liberdade face às leis, a coragem de violar interditos, a exaltação da alegria de viver e a inauguração do novo, numa palavra, a lei da noite, que é o momento em que as censuras caem e tudo fica gris e indefinido.

Atualmente vivemos uma conjuntura toda particular, marcada pelo excesso. Perdemos a coexistência do yin com o yang, de Apolo com Dionísio. Se não encontrarmos um ponto de equilíbrio tudo pode acontecer, até um flagelo antropológico. Precisamos de uma loucura sábia que possibilite uma nova síntese entre esses dois pólos para reinventar um novo caminho que nos garanta o futuro.


Texto de Leonardo Boff, autor de Ética da vida: a nova centralidade, Record 2009, entre outros.
http://leonardoboff.com

16 de abr. de 2010

O Buda e as árvores


O ambiente natural proporciona o sustento da vida de todos os seres universalmente. Existem referências a árvores em todos os relatos dos principais acontecimentos da vida do Buda. Sua mãe encostou-se numa árvore buscando apoio no momento de seu nascimento. Ele alcançou a iluminação sentado sob uma árvore e, quando afinal morreu, teve as árvores como testemunhas acima de sua cabeça.

Sua Santidade, o Dalai-Lama

13 de abr. de 2010

A diferença entre o Inferno e o Paraíso


Um rabino teve uma conversa com o Senhor sobre o paraíso e o inferno."Vou mostrar-lhe o inferno", disse o Senhor, e levou o rabino para um aposento em que havia uma grande mesa redonda. As pessoas sentadas em volta dela estavam famintas e desesperadas. No centro da mesa havia uma enorme panela de cozido, com um cheiro tão delicioso que a boca do rabino se encheu de água. Cada pessoa em torno da mesa segurava uma colher com um cabo longuíssimo. Mas, apesar das colheres alcançarem a panela, seus cabos eram mais compridos que os braços dos candidatos a comensais: assim, incapazes de levar o alimento à boca, nenhum deles conseguia comer. O rabino viu que o seu sofrimento era realmente terrível.
"Agora, vou mostrar-lhe o paraíso", disse o Senhor, e foram para outro aposento, exatamente igual ao primeiro. Lá estavam a mesma grande mesa redonda, a mesma panela de cozido. as pessoas, tal como antes, estavam munidas das mesmas colheres de cabo longuíssimo - mas lá, todas eram bem nutridas e cheinhas, riam e conversavam. O rabino não conseguiu entender. "É simples, mas exige uma certa habilidade", disse o Senhor. "Nesta sala, como você vê, eles aprenderam a alimentar uns aos outros".