Caminhos de espiritualidade: cultura de paz, não-violência, mística, autoconhecimento, compaixão e cuidado pelos seres e pela terra

28 de jun. de 2009

27 de jun. de 2009

O desapego, por Mestre Eckhart


"Enquanto sou isto ou aquilo, ou tenho isto ou aquilo, não sou todas as coisas nem tenho todas as coisas. Torna-te puro até não seres nem teres isto ou aquilo; serás então onipresente e, não sendo isto nem aquilo, serás todas as coisas".


(Mestre Eckhart)

19 de jun. de 2009

Prece de aspiração para todos os seres vivos(adaptado dos “Princípios da Carta da Terra”) por Lama Norbu

A interdependência entre todos os seres vivos requer que tenhamos um senso compartilhado de responsabilidade pela sobrevivência e pelo bem estar dos membros desse planeta. Para conseguirmos isso, é necessária uma aspiração compassiva, que pode ser compartilhada entre todos os que valorizam a alegria e a diversidade da vida:
Que possamos reconhecer o valor de todas as formas de vida, afirmando a dignidade e a interdependência inerente a todos os seres vivos, assim como o potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
Que possamos cuidar dessa comunidade de vidas com amor e compaixão, compreendendo a responsabilidade universal de prevenir danos ao meio ambiente, proteger os direitos de todos os seres, e promover o bem comum.
Que possamos assegurar que os direitos humanos, a liberdade fundamental e a justiça social e econômica sejam supridas a toda a comunidade da humanidade.
Que possamos considerar cuidadosamente as conseqüências de nossas ações, compreendendo o profundo efeito que terão em gerações futuras, e nos esforçar para deixar um legado de generosidade e abundância, para apoiar o florescimento a longo prazo dos recursos naturais da Terra e das comunidades humanas e ecológicas.
Que possamos manifestar nossa crença no valor de todas as vidas ao assumir nossa responsabilidade como cidadãos do mundo.
Que possamos proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra.
Que possamos evitar danos ao meio ambiente dando apoio a ecossistemas sustentáveis e à diversidade biológica, adotando métodos de produção e consumo que minimizem a degradação ambiental.
Que possamos encorajar a aplicação tanto do conhecimento científico atual como da sabedoria antiga em favor da sustentabilidade ecológica.
Que possamos capacitar e apoiar os menos privilegiados, assegurando-lhes equanimidade econômica e social, eliminando qualquer forma de discriminação.
Que possamos eliminar a corrupção e encorajar as instituições a serem ambientalmente responsáveis.
Que possamos tratar todos os seres vivos com respeito e consideração, promovendo a cultura de tolerância, não-violência, paz e compreensão.
(Texto extraído de Chagdud Gonpa Odsal Ling)

8 de jun. de 2009

Nostalgia de Estrelas

"(...) quanto mais procuro conhecer-me a mim mesmo, tanto me escapa o meu verdadeiro eu, soma ridícula de memórias genéticas ou de memórias adquiridas. Meu desejo é tão pouco o meu desejo, meu pensamento tão pouco o meu pensamento; não sou mais que uma combinação incerta de acasos e encontros; minhas palavras são as palavras da tribo, e os meus átomos, nostalgias de estrelas. O ruído dos mundos corre nas minhas veias e eu insisto em continuar dizendo "eu"! ".
(Trecho extraído de Jean-Yves Leloup, in: Deserto, Desertos, Ed. Vozes)

6 de jun. de 2009

Ensinamentos: A Medicina do Altruísmo, por Dalai Lama

No Tibet nós dizemos que muitas doenças podem ser curadas pela medicina do amor e da compaixão. O amor e a compaixão são a base estrutural da felicidade humana e a sua necessidade se encontra no núcleo de nosso ser. Infelizmente há muito tempo o amor e a compaixão vêm sendo omitidos das esferas de interação social. Atualmente estes valores são vividos na família e no lar, e seu uso na vida pública é considerado impraticável e até ingênuo. Isto é trágico. No meu ponto de vista, a prática da compaixão não é simplesmente um sintoma de idealismo não realista, mas o caminho mais eficiente de dedicar-se com afinco aos interesses dos outros do mesmo modo como nos dedicamos aos nossos. Quanto mais nós — como uma nação, um grupo ou indivíduos — dependermos um dos outros, maior deverá ser o interesse em assegurarmos o bem estar uns dos outros.
Praticar o altruísmo é a real fonte de compromisso e cooperação; somente reconhecer a nossa necessidade de harmonia não é o suficiente. Uma mente comprometida com a compaixão é como um reservatório que está transbordando — é uma fonte constante de energia, determinação e bondade. É como uma semente; quando cultivada germina muitas outras boas qualidades, tais como o perdão, a tolerância, a força interna e a confiança para superar o medo e a insegurança. A mente de compaixão é como um elixir; é capaz de transformar uma má situação em uma situação benéfica. Conseqüentemente, nós não devemos limitar nossa expressão de amor e compaixão à nossa família e amigos. A compaixão não é somente uma responsabilidade do sacerdócio, da medicina e de trabalhadores sociais. É o empreendimento necessário em todas as esferas da comunidade humana.
Se um conflito se encontra no campo da política, negócios ou religião, a abordagem altruísta é freqüentemente o único meio de resolvê-lo. Às vezes os muitos conceitos que usamos para mediar uma disputa são os mesmos que causaram o problema. Nesse caso, quando uma resolução parece ser impossível, ambos os lados deveriam recordar da natureza humana básica que as une. Isto ajudará a quebrar o impasse e em longo prazo, ficará mais fácil para que todos alcancem seu objetivo. Embora nenhum lado possa ficar inteiramente satisfeito, se ambos fizerem concessões, no mínimo, o perigo de um conflito adicional estará prevenido. Nós sabemos que esta forma de acordo é a maneira mais eficaz de resolver problemas — por que, então, nós não a usamos mais freqüentemente?
Quando eu levo em consideração a falta da cooperação na sociedade humana, eu concluo que ela se origina na ignorância de nossa natureza interdependente. Eu sou freqüentemente comovido pelo exemplo dos pequenos insetos, como as abelhas. A lei da natureza dita que as abelhas trabalhem juntas a fim de sobreviver. Como conseqüência, elas possuem um sentido instintivo de responsabilidade social. Elas não têm nenhuma constituição, leis, polícia, religião ou treinamento moral, mas por causa de sua natureza trabalham fielmente juntas. Ocasionalmente elas lutam, mas no geral a colônia inteira sobrevive baseada na cooperação. Os seres humanos, ao contrário, têm constituições, amplos sistemas legais e forças policiais; nós temos religião, uma inteligência notável e um coração com grande capacidade de amar. Mas apesar de termos muitas qualidades extraordinárias, na prática ficamos para trás em relação àqueles insetos pequenos; de alguma forma, eu sinto que nós somos mais pobres do que as abelhas.
Por exemplo, milhões de pessoas vivem juntas em cidades grandes por todo o mundo, mas apesar desta proximidade muitos são sós. Alguns não têm nem mesmo um ser humano com quem compartilhar seus sentimentos mais profundos e vivem em um estado de perturbação perpétua. Isto é muito triste. Nós não somos animais solitários que nos envolvemos com alguém somente a fim de se reproduzir. Se fôssemos, por que construiríamos centros e cidades grandes? Mas mesmo sendo animais sociais obrigados a viver juntos, infelizmente nos falta o sentido de responsabilidade com nossos companheiros seres humanos. Será que a falha se encontra em nossa arquitetura social — a estrutura básica da família e da comunidade em que se baseiam nossa sociedade? Será que a falha está em nossas facilidades exteriores — nossas máquinas, ciência e tecnologia? Eu acho que não.
Eu acredito que apesar dos rápidos avanços feitos pela civilização neste século, a causa mais próxima de nosso dilema atual é a nossa ênfase excessiva no desenvolvimento material. Nós tornamo-nos tão absortos em sua perseguição que, mesmo sem saber, nós negligenciamos o desenvolvimento das necessidades humanas mais básicas de amor, da bondade, da cooperação e do afeto. Se não conhecemos alguém ou não nos sentimos conectados a um indivíduo ou grupo particular, nós simplesmente os ignoramos. Mas o desenvolvimento da sociedade humana é completamente baseado nas pessoas que se ajudam. Uma vez que perdemos a essência da nossa humanidade, ficamos destinados a perseguir somente o desenvolvimento material.
Para mim, está claro: um verdadeiro sentimento de responsabilidade pode originar-se somente se nós desenvolvermos a compaixão. Somente um sentimento espontâneo de empatia pelos outros pode realmente nos motivar para agirmos em favor dos interesses deles.

(Traduzido por Thilie Busato Sproesser e revisado por Sheila Busato.)

2 de jun. de 2009




Bodisattva é um termo do budismo que designa seres de sabedoria elevada, que seguem uma prática espiritual que visa a remover obstáculos e beneficiar todos os demais seres. A expressão significa, em tradução literal do sânscrito, "ser (sattva) de sabedoria (bodhi)".